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Uma questão de fé

A maioria das pessoas que conheço e com as quais convivo são cristãs, foram criadas dentro da igreja, católica ou protestante. Eu por exemplo, fui batizada, fui a catequese, fiz Primeira eucaristia e Crisma. Para quem não é familiarizado com os "rituais" da igreja Igreja Católica Apostólica Romana, o batismo costuma acontecer com a criança na mais tenra idade, mas nada impede que aconteça mais tarde. No batismo são escolhidos padrinhos, que pelo menos teoricamente serão os segundos pais da criança. Na catequese se estuda sobre os ensinamentos bíblicos (todo cristão deve ler a Bíblia, pois nela se encontram as diretrizes do cristianismo). Após uns anos de catequese, se faz a Primeira Eucaristia, após tal cerimonia se está "apto" a tomar a hóstia (que é o corpo e o sangue de cristo). Por fim a Crisma ou Confirmação, o batismo e a Eucaristia são iniciações da vida cristã e a Crisma e a confirmação dos dois primeiros. Costuma acontecer aos quatorze anos ou mais, pois a partir dessa idade a pessoa já estaria mais condicionada a tomar decisões, no caso a decisão de se "confirmar cristão".

Desde cedo me ensinaram a ter fé, mas ter fé não é algo didático assim. Fé a gente precisa sentir e não aprender. Trindade é um município localizado no estado de Goiás, em que tem o Santuário do Divino Pai Eterno, um lugar de peregrinação e muito conhecido pelos católicos. Como tenho família católica, esse ano resolvi ir lá na época de maior peregrinação. Na real expectativa de "absorver" um pouco da fé alheia, queria sentir o mesmo que os peregrinos sentem. É tão lindo, as histórias, o quanto as pessoas se mobilizam, a fé delas, é tudo muito comovente. As pessoas se emocionam mesmo, sentem aquilo, acreditam com todo seu coração, tenho vontade de sentir igual. Por muito tempo o medo que mais me assombrou foi um dia acreditar que toda a crença que me foi ensinada nada mais era que um artificio utilizado para auxiliar na educação das crianças. Pois pelo menos teoricamente pessoas tementes a Deus agem com retidão e bondade.

Sempre tive muitas duvidas sobre o cristianismo. Com o tempo as dúvidas foram aumentando. Com isso resolvi ser uma frequentante mais assídua da igreja em busca de ter tais dúvidas sanadas. Grupos de orações e tudo. Peguei a Bíblia para ler, estudar mesmo, tentar entender. Tiro pela culatra! Só ficou mais evidente o quão hipócrita eu sempre fui ao me declarar cristã. Eu simplesmente escolhia as partes da Bíblia que achava ser pertinente aplicar em minha vida e excluía as que não fossem pertinente. Um exemplo são as Guerras Santas, acreditar na santidade das Guerras lá relatadas sempre foi Missão impossível para mim. São como as Guerras de as dos dias de hoje que acontecem no Ocidente? Vão deixar escrito que Santas também foram?

Conversar sobre isso com alguém religioso costuma ser bem complicado, as pessoas costumam encarar suas eventuais perguntas como afrontas ou ofensas a fé deles (Não acreditar, pelo menos não como me ensinaram, não devia ofender ninguém) . Mesmo que infelizmente  (infelizmente por achar muito triste não ter ninguém zelando por nós) Deus não exista eu queria acreditar na existência dele, não assim como eu sempre acreditei, com um monte de dúvida, nem acreditar desacreditando, eu queria acreditar de todo coração. Mesmo que se ilusão fosse, seria a mais doce de todas. Mas acho que fé é como um sentimento, não pode ser ensinado, é simplesmente sentido. Talvez um dia eu volte a sentir, e no mínimo como outrora.

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