"Como assim, se matou? Era tão feliz. Jovem, tinha uma vida boa..."
Ouvi isso do meu pai, que contava surpreso sobre como não entendia o suicídio do filho de um conhecido. Pois era um rapaz jovem, bem sucedido profissionalmente, tinha acabado de tomar posse num cargo para o qual se preparou para o concurso por muito tempo. Enfim, ninguém entendeu, pegou toda a família e amigos de surpresa. Segundo meu pai, ninguém se quer suspeitava do provável quadro depressivo do rapaz. E foi assim, só se falava disso, como ninguém suspeitou, ninguém entendia absolutamente nada do que tinha acontecido. Várias teorias, um monte de possíveis explicações...
Não sei se dá pra falar que o rapaz em questão tinha depressão. Mas depressão é uma doença séria, precisa ser tratada como tal. As vezes as coisas se resolvem com terapia, em outras é necessário medicação. O doente não é uma pessoa fraca, é simplesmente uma pessoa doente, que assim como outros doentes, não são os culpados por suas enfermidades. Embora as pessoa gostem de tentar encontrar explicações, atribuindo a doença a um acontecimento em especial, diminuindo a doença a uma incapacidade e lidar com as decepções da vida, a questão possui mais complexidade.
É triste, é triste pro doente e pras pessoas que o rodeiam. E tem sido cada vez mais comum. Não é só uma doença que acontece lá com a família e amigos dos outros, ou apenas com pessoas mais velhas. Acontece na sua família, com seus amigos, com você e com pessoas cada vez mais jovens. Como Criolo sabiamente canta "depressão é a peste, entre os meus, plano perfeito pra vender mais carros teus". Acrescentaria remédios também ao trecho, porque a indústria farmacêutica claramente é quem mais lucra com "o mal do século".
Entendo com clareza que há casos em que remédios são necessários, mas não podemos nos esquecer que remédios são drogas, que embora legais, as vezes causam mais danos que algumas das ilegais. Acho que remédios dessa natureza devem ser receitados apenas em casos de extrema gravidade ou em casos que os tratamentos alternativos já foram tentados e não obtiveram a eficacia desejada. Porque com a crescente dependência às drogas do prazer, feliz mesmo, só a industria dos remédios.
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